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Músicas na educação - Absurdo, Vanessa da Mata

  • Foto do escritor: Nara Rotandano
    Nara Rotandano
  • 23 de mai. de 2024
  • 1 min de leitura

Esse texto faz parte da série "músicas na educação", se você não leu os outros, veja aqui: Músicas na educação. Você também pode ouvir nossa playlist completa no YouTube.


A música "Absurdo" de Vanessa da Mata traz uma reflexão profunda sobre a destruição ambiental e a desconexão do ser humano com a natureza, que aumentam constantemente. Cada estrofe revela um aspecto diferente dessa relação, desde a beleza natural perdida até as consequências da ambição desenfreada que tem moldado a sociedade de forma cada vez mais intensa. A seguir vamos analisar detalhadamente os trechos da letra.

Havia tanto pra lhe contar

A natureza

Mudava a forma o estado e o lugar

Era absurdo

A música inicia com um lamento pela transformação que a natureza sofreu, evidenciando como as alterações drásticas transformaram a capacidade natural do meio ambiente em se adaptar de forma orgânica e equilibrada, que agora sofre com a falta de encaixe na lógica natural.

Havia tanto pra lhe mostrar

Era tão belo

Mas olhe agora o estrago em que está

A beleza da natureza é contrastada com o "estrago" atual. Sendo enfatiza a perda da beleza natural devido à intervenção humana. A nostalgia pela natureza em sua condição preservada destaca a degradação ambiental, convidando à reflexão sobre o que foi perdido e as consequências das ações humanas.

Tapetes fartos de folhas e flores

O chão do mundo se varre aqui

Essa ideia do natural ser sujo

Do inorgânico não se faz

Aqui a critica se direciona a percepção de que o natural deve ser substituído pelo artificial como sinônimo de evolução e modernidade. A ideia de que a natureza em sua essência é algo inferior que deve ser controlado ou eliminado é o ponto chave da visão distorcida que se perpetua na história da humanidade e resulta na destruição do meio ambiente em prol de um conceito de limpeza e desenvolvimento que no fim são a fonte dos problemas dessa mesma sociedade.

Destruição é reflexo do humano

Se a ambição desumana o Ser

Essa imagem infértil do deserto

Nunca pensei que chegasse aqui

Esse trecho destaca o quanto as atividades humanas são prejudicais a ponto de acabar com a capacidade natural do planeta em manter a vida. O destaque a surpresa em analisar a situação em que se chegou reforça a gravidade da degradação ambiental provocada pelo homem, que consegue superar a capacidade instintiva da Terra em adaptar as transformações.

Auto-destrutivos

Falsas vitimas nocivas?

Aqui, a letra destaca ação da humanidade em buscar a sua própria destruição ao explorar excessivamente os recursos naturais, enquanto se assume com postura de vitimização. Somos responsáveis pelos danos causados ao meio ambiente, e ao mesmo tempo nos colocamos como vítimas das circunstâncias, ignorando nosso papel ativo na destruição e em várias ocasiões atribuindo o título de desastres naturais, aos eventos catastróficos que a própria sociedade alavancou.


Havia tanto pra aproveitar

Sem poderio

Tantas histórias, tantos sabores

Capins dourados

A reflexão continua com o lamento as oportunidades perdidas de aproveitar a natureza de maneira equilibrada. Existe a possibilidade de explorar a natureza de forma menos agressiva para desfrutá-la com impactos reduzidos, mas a riqueza cultural e natural foi e está sendo desperdiçada, enquanto colocamos a vida como conhecemos em perigo.

Havia tanto pra respirar

Era tão fino

Naqueles rios a gente banhava

A pureza do ar e da água é destacada, indicando um tempo em que a natureza proporcionava recursos essenciais para a vida de maneira abundante e saudável, lembrando do tempo em que existia uma conexão íntima e harmoniosa com a natureza, mas que está sendo cada vez mais perdida.

Desmatam tudo e reclamam do tempo

Que ironia conflitante ser

Desequilíbrio que alimenta as pragas

Alterado grão, alterado pão

Mais uma vez destaca-se o papel de algoz e vítima, o ser humano destrói o equilíbrio ambiental enquanto lamenta os impactos negativos que esse desequilíbrio proporciona. A busca incessável pelo lucro motiva a destruição da natureza, para no fim ser a fonte dos prejuízos, que levam a mais destruição para compensar as perdas, colocando o desenvolvimento em um ciclo vicioso fadado ao fracasso.

Sujamos rios, dependemos das águas

Tanto faz os meios violentos

Luxúria é ética do perverso vivo

Morto por dinheiro

A contradição de poluir a água da qual dependemos para sobreviver também é abordada, junto com a indiferença aos métodos violentos empregados para alcançar objetivos materiais, um reflexo da perversidade da busca ao lucro, mesmo que custe o meio ambiente e da vida humana.

Cores, tantas cores

Tais belezas

Foram-se

Versos e estrelas

Tantas fadas que eu não vi

As perdas da natureza é lamentada, representando a diversidade e a magia que desapareceram. As "fadas" não vistas são metáforas para as experiências naturais e místicas que foram perdidas pela destruição ambiental.

Falsos bens, progresso?

Com a mãe, ingratidão

Deram o galinheiro

Pra raposa vigiar

Por fim, a crítica ao falso progresso é evidenciada de forma mais clara, destacando a ingratidão para com a natureza, que tanto nos ajuda. A expressão "deram o galinheiro pra raposa vigiar" denuncia a hipocrisia e a irresponsabilidade das ações humanas que colocam em risco o próprio ambiente do qual dependemos para viver em uma ilusão de controle que não tem nenhum benefício para o nosso futuro.

"Absurdo" de Vanessa da Mata é uma poderosa reflexão sobre a desconexão e a destruição ambiental provocada pela ação humana. A música oferece uma oportunidade de explorar temas como sustentabilidade, ética ambiental e responsabilidade social. Ao analisar cada estrofe, podemos promover discussões significativas sobre como nossas escolhas impactam o mundo natural e como podemos mudar essa trajetória destrutiva, para evitar que o fim catastrófico que é apresentado continue como ponto do futuro da humanidade.


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