Músicas na Educação - Larinhas, Luiza Lian

Esse texto faz parte da série "músicas na educação", se você não leu os outros, veja aqui: Músicas na educação. Você também pode ouvir nossa playlist completa no YouTube.

A música "Iarinhas" de Luiza Lian traz uma reflexão profunda sobre a relação entre o espaço urbano e a natureza, com destaque principal ao impacto da urbanização alterando e destruindo os rios que passam por áreas urbanas e os efeitos resultantes dessas modificações. Segundo a própria cantora a letra foi produzida pensando na cidade de São Paulo (veja mais em: Luiza Lian | Iarinhas - Lampejo Música), mas ao analisar a letra em detalhes é possível perceber que ela é aplicável a muitos outros municípios brasileiros.

Essa rua tem o nome de um rio que a cidade sufocou	A crítica se inicia ao retratar que os rios são lembrados por dar nome as ruas que o substituíram, demonstrado como a natureza é suprimida para dar lugar ao crescimento das cidades, perdendo-se a memória e a vitalidade desses rios.
A vontade do rio de voltar Às vezes sacode de algum lugar Ele dorme até a chuva chegar Mas a tempestade vem anunciar E uma enchente lembra a população Que o que é rua antes era vazão	Aqui à personificação do rio passa a ideia de que mesmo sufocado, a necessidade natural de retornar continua, por isso quando a chuva chega, o rio desperta. Alterações que ocasionalmente resulta nas enchentes, que comprovam a força da natureza e como ela resiste à tentativa de controle humano.
Alô Tapajós, Tamanduateí Minhas Iarinhas andam cantando Suas ladainhas para mim Minhas Iarinhas andam cantando Suas ladainhas para mim Alô Tietê, Água Preta, Iquiririm Minhas Iarinhas andam cantando Suas ladainhas para mim Minhas Iarinhas andam cantando Suas ladainhas para mim	Nesse trecho, a citação a diversos rios transmite a ideia de abrangência do problema, evidenciando que a história de sufocamento e resistência se repete em diversos locais. As Iarinhas são uma referência a personagem do folclore brasileiro que é conhecida pela proteção das águas, que ao cantar buscam manter a memória viva e a lamentação das águas que foram sufocadas. A repetição da ladainha reforça a tristeza e a saudade das águas que antes fluíam livres.

Essa música nos convida a refletir sobre o impacto da urbanização desenfreada na natureza, especialmente nos rios, por isso pode ser usada em sala de aula para discutir temas relacionados ao desenvolvimento urbano e seus impactos, tanto ambientais quanto sociais. Ao trazer discussões sobre esses assuntos para as aulas, incentivamos os estudantes a pensar criticamente sobre como a urbanização influencia a natureza e também a população.