O perigo da sustentabilidade

Nos últimos anos, a palavra "sustentabilidade" tem sido amplamente utilizada em discursos políticos, comerciais e até educacionais, como uma solução para todos os problemas ambientais e sociais do mundo. No entanto, essa tendência de utilizar o termo de forma simplista e muitas vezes equivocada pode representar um perigo real, e o objetivo desse texto é explorar o que torna essa utilização perigosa, principalmente em contextos escolares.

Ao rotular algo como "sustentável", muitas vezes cria-se a falsa impressão de que essa atividade ou produto não gera impacto negativo no meio ambiente ou na sociedade. No entanto, a realidade é que toda atividade humana tem algum tipo de impacto, por menor que seja. Mesmo as práticas mais "verdes" ou os produtos mais "eco-friendly" (que merecem um texto exclusivo sobre eles) têm custos ambientais e sociais associados à sua produção, distribuição e descarte.

Além disso, o conceito de sustentabilidade muitas vezes é mal interpretado como algo que pode ser alcançado de forma definitiva. No entanto, a verdade é que a sustentabilidade é mais como um ideal a ser perseguido do que um estado final a ser alcançado. Vivemos em um mundo de recursos finitos e interconectados, onde as decisões que tomamos hoje têm consequências de longo prazo para o meio ambiente e para as futuras gerações.

Portanto, é fundamental reconhecer que a sustentabilidade não é uma solução fácil ou rápida para os desafios que enfrentamos. É preciso adotar uma abordagem mais holística e crítica, que leve em consideração não apenas os aspectos ambientais, mas também os sociais e econômicos da sustentabilidade. Isso significa questionar os modelos de produção e consumo predominantes, promover a transparência e a prestação de contas nas cadeias de suprimentos e buscar soluções inovadoras e colaborativas para os problemas ambientais e sociais que enfrentamos.

Em suma, o perigo da sustentabilidade reside em sua simplificação excessiva e em seu uso inadequado como uma espécie de "varinha mágica" para resolver todos os problemas do mundo apenas pela incorporação dessa palavra no cotidiano, sem mudar nenhum aspecto significativo da economia ou da sociedade, mas produzindo uma satisfação nos indivíduos em consumir algo que é amigo do meio ambiente.

Destaquei que esse cenário é prejudicial principalmente na educação, porque é na escola que buscamos formar os cidadãos do futuro, mas é preciso ter atenção aos ensinamentos e mensagens que são transmitidos, para que esses cidadãos tenham a capacidade de refletir e tomar decisões conscientes a respeito da vida, e para tal é necessário fornecer as instruções de acesso a informações corretas, caso contrário estaremos apenas mantendo a situação atual, que como sabemos, não é capaz de garantir o futuro que queremos.

Por isso é importante aceitar a complexidade e a incerteza que fazem parte do caminho em busca da sustentabilidade, e como sociedade, trabalhar para criar as possibilidades de alcançar um futuro melhor que o presente.