Desafios ambientais da produção e consumo de energia
- Nara Rotandano
- 15 de jun. de 2024
- 3 min de leitura
Esse texto faz parte de uma série que discute as principais fontes de energia elétrica. Veja os anteriores em: Energia (eanapratica.com)

Ao analisarmos a matriz energética brasileira e as fontes de energia utilizadas globalmente, nos deparamos com uma realidade incontestável: todas as fontes de energia apresentam desafios ambientais significativos. Seja na emissão de gases poluentes, na alteração de ecossistemas ou no consumo de recursos naturais, cada método de produção energética carrega consigo um impacto ambiental que não pode ser ignorado.
Diante deste cenário, torna-se evidente que não existe uma solução mágica. A substituição de uma fonte energética por outra pode minimizar certos impactos, mas não os elimina completamente. Portanto, a verdadeira mudança reside na redução do consumo energético. Entretanto, esse consumo tem aumentado progressivamente com o desenvolvimento tecnológico, apesar a necessidade de reduzi-lo, tanto por questões ambientais quanto para manter a demanda dentro dos limites de capacidade produtiva.
Ao falar desse tema é importante destacar que essa redução não deve recair apenas sobre os ombros dos consumidores residenciais. Apesar de serem o alvo principal das campanhas publicitárias, que frequentemente direcionem suas mensagens a esse grupo, transmitindo a ideia de que esse grupo engloba os maiores responsáveis pelo desperdício energético, a realidade é mais complexa.
A maior parte da energia consumida por uma pessoa é indireta, ou seja, está embutida na produção de todos os produtos e serviços que ela consome. Por isso, a solução para o problema energético tem menos a ver com a energia diretamente e mais com o consumo. É necessário repensar hábitos de consumo e promover a conscientização de que a redução do consumo é fundamental para a sustentabilidade energética.
No entanto, essa questão é mais ampla e envolve a sociedade como um todo. Muitas vezes, os consumidores não têm muita escolha para diminuir o número de bens que compram, especialmente em um mercado onde produtos são projetados para estragar rapidamente—a chamada obsolescência programada, que discutimos em um texto anterior (leia em: A multidisciplinaridade da obsolescência programada - eanapratica.com). Isso mostra que a solução deve ser sistêmica, envolvendo mudanças nas políticas públicas, nas práticas empresariais e na educação dos consumidores.
Assim é evidente que setores público e industrial têm um consumo significativamente mais impactante do que o residencial, mas paradoxalmente, são menos incentivados a promover a economia de energia. É crucial que esses setores sejam parte integrante da solução, adotando práticas e tecnologias que reduzam seu consumo energético de forma efetiva. Portanto, enquanto sociedade, devemos repensar nossas estratégias e incentivar uma abordagem mais holística e inclusiva na economia de energia. Somente assim poderemos enfrentar os desafios ambientais de nossa produção energética e caminhar em direção a um futuro mais sustentável.
Promover a educação ambiental crítica nas escolas é um passo essencial para formar cidadãos conscientes e capazes de atuar efetivamente na construção dessa nova realidade. Por isso é importante discutir esse tema em sala de aula de forma correta e abrangente. Transmitir aos estudantes que simplesmente apagar a luz ao sair de um cômodo, embora importante, não é suficiente para resolver o problema energético mundial.
A educação ambiental deve promover uma reflexão mais profunda sobre hábitos de consumo, e como eles influenciam e são influenciados por questões que muitas vezes passam despercebidos para a sociedade comum, mas que são essenciais para assegurar que as gerações atuais e futuras tenham possibilidade de desfrutar de um meio ambiente equilibrado para sustentar a vida como conhecemos.
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