Pampa: o bioma dos campos brasileiros
- Nara Rotandano
- há 7 dias
- 2 min de leitura

Ocupando aproximadamente 2,3% do território nacional, o Pampa é um dos seis biomas brasileiros e ocupa cerca de 69% do território do Rio Grande do Sul, único estado em que está presente. Apesar de sua distribuição restrita, o bioma tem grande importância ecológica, cultural e econômica, sendo formado por uma rica diversidade de paisagens, fauna e flora, muitas vezes desvalorizado por uma ideia equivocada de que os campos seriam ecossistemas “pobres” ou “menos exuberantes”.
As paisagens naturais do Pampa incluem coxilhas, planícies, morros rochosos, afloramentos, banhados, matas ciliares e matas de encosta. O que predomina, no entanto, são os campos nativos, cobertos por uma vegetação adaptada às condições locais e marcada pela presença de gramíneas, leguminosas e espécies endêmicas que fazem parte de ecossistemas muito antigos. O bioma abriga cerca de 2.800 espécies de plantas nativas, e pelo menos 14% delas já têm seu estado de conservação avaliado, com mais de 28% consideradas ameaçadas de extinção.
A fauna do Pampa também é rica e diversificada. Espécies emblemáticas como o veado-campeiro, o tatu-mulita, o graxaim e o tuco-tuco habitam esses campos, assim como aves. Algumas dessas espécies são endêmicas, o que significa que só ocorrem nessa região. Outras já constam nas listas de ameaçadas, o que reforça a urgência de medidas de conservação.
Apesar disso, o Pampa é o bioma com menor representatividade em áreas protegidas no Brasil. Apenas 3% da área continental brasileira sob proteção via Unidades de Conservação pertencem a esse bioma. Ao longo das últimas décadas, o avanço de monoculturas, a introdução de espécies exóticas para pastagem e a conversão de campos nativos têm levado à degradação acelerada da paisagem, à perda de biodiversidade e ao comprometimento de importantes serviços ambientais, como o sequestro de carbono, o controle da erosão e a regulação do ciclo da água.
A vegetação campestre, muitas vezes subestimada por sua aparência menos “florestal”, cumpre um papel crucial na manutenção da estabilidade ecológica e da qualidade ambiental da região. Além disso, representa um importante patrimônio genético, com espécies que fazem parte da base da alimentação humana e animal. A valorização da pecuária tradicional, com manejo dos campos nativos, e o incentivo à produção rural sustentável são caminhos apontados por especialistas para promover a conservação do bioma sem abrir mão do desenvolvimento econômico e social.
Nesse contexto, conhecer o Pampa, assim como os demais biomas brasileiros, é essencial para quem atua na educação. Professores e educadoras têm um papel fundamental na formação de cidadãos críticos e conscientes sobre as realidades ecológicas e sociais do território em que vivem. Ao incorporar o conhecimento sobre os biomas nas práticas escolares, é possível aproximar os alunos da biodiversidade nacional, valorizar saberes locais e fomentar uma relação mais respeitosa com o meio ambiente.
Saiba mais: Brasil, Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Pampa. 2024. Acesso em: 16/05/25.
Comments