A história do DDT: da revolução da agricultura aos problemas socioambientais
- Nara Rotandano
- 26 de mai. de 2024
- 3 min de leitura

DDT é a sigla para Dicloro-Difenil-Tricloroetano, um composto químico que se tornou famoso por sua eficácia como pesticida, ganhando rápida popularidade mundial devido à sua capacidade de combater pragas agrícolas e vetores de doenças. No entanto, seu uso indiscriminado trouxe consequências severas para o meio ambiente e para a saúde humana, levando à sua proibição em muitos países. Em um texto anterior (Músicas na educação - Big Yellow taxi, Joni Mitchell (eanapratica.com)), prometi que haveria outro texto explorando o assunto, aqui está, vou apresentar brevemente a história do DDT, desde sua descoberta até os impactos negativos que resultaram na sua proibição.
Antes, gostaria de destacar que esse é um tema que pode ser amplamente explorado nas aulas de História e Geografia, especialmente quando se aborda o período do desenvolvimento pós-Segunda Guerra Mundial e a evolução da agricultura moderna. Em Ciências, o DDT serve como um exemplo crucial para discutir a química dos pesticidas e seus impactos biológicos e ambientais, bem como a importância da regulação do desenvolvimento científico. Além disso, em português é possível utilizar a história do DDT para explorar o poder da divulgação científica rigorosa.
As propriedades inseticidas do DDT foi descoberto pelo químico suíço Paul Hermann Müller em 1939 e durante a Segunda Guerra Mundial, o composto foi amplamente utilizado pelos militares para controlar a propagação de doenças como a malária e o tifo entre as tropas. Após a guerra, o DDT foi introduzido na agricultura, revolucionando a produção agrícola ao proporcionar um método eficaz para controlar pragas que devastavam colheitas, por isso nos anos 1950 e 1960, o produto se tornou um símbolo do progresso científico e tecnológico. Ele foi amplamente utilizado em plantações de algodão, trigo, milho e muitos outros cultivos ao redor do mundo. Sua eficácia em exterminar uma ampla variedade de insetos levou a um aumento significativo na produtividade agrícola e contribuiu para a segurança alimentar em várias regiões.
Entretanto, apesar dos benefícios iniciais, o uso extensivo do DDT começou a revelar seus efeitos negativos, e em 1962, a bióloga marinha Rachel Carson publicou o livro Primavera Silenciosa (originalmente em inglês: Silent Spring), que trouxe à tona os impactos ambientais do DDT. Carson destacou como o DDT persistia no meio ambiente, acumulando-se na cadeia alimentar e causando a morte de pássaros e outros animais selvagens (Em breve tratei um texto específico sobre o livro).
Os efeitos do DDT sobre a saúde humana também começaram a preocupar cientistas e médicos. Estudos mostraram que a exposição ao DDT estava associada a problemas de saúde, incluindo câncer, distúrbios reprodutivos e problemas neurológicos. As descobertas a respeito da bioacumulação do DDT em organismos vivos e sua presença em altas concentrações em humanos e animais levou a uma crescente pressão por sua regulamentação, até que na década de 70, com o crescimento das evidências dos danos ambientais e de saúde, o DDT passou a ser proibido em muitos países.
Até que em 2001, a Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes, foi assinada, e incluía o DDT na lista de substâncias que deveriam ser eliminadas, com exceções para o controle de doenças vetoriais em certas regiões. Essa proibição levou ao desenvolvimento de alternativas mais seguras para o controle de pragas, tornando necessário maiores verificações de segurança para os produtos de controle químico e um incentivo ao desenvolvimento e adoção de pesticidas biológicos e práticas agrícolas sustentáveis. No entanto, o legado do DDT continua a ser um lembrete da necessidade de avaliar cuidadosamente os impactos ambientais e à saúde antes da adoção generalizada de novos produtos químicos.
A história do DDT é uma lição poderosa sobre o equilíbrio entre inovação e precaução. Embora tenha trazido benefícios significativos na agricultura e no controle de doenças, o uso indiscriminado do DDT resultou em consequências graves para o meio ambiente e a saúde humana. Esta história ressalta a importância de uma abordagem cuidadosa e responsável na utilização de tecnologias e produtos químicos, visando sempre a sustentabilidade e a proteção dos ecossistemas e das futuras gerações.
Para saber mais sobre o assunto consulte: HISTÓRIA DO DDT NO BRASIL (1940 A 1980): DE DEFENSIVO A VENENO. Dissertação de mestrado em História de Letícia Solivo.




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